sexta-feira, 22 de julho de 2011

O sonho de um Marceneiro em ver O Estado do Tapajós


O sonho de um Marceneiro em ver O Estado do Tapajós
Armando Ferreira e Silva1


O Estado do Tapajós não é um sonho novo. Meus pais já sonhavam com isso, em 1954 eu já alimentava esse sonho, lembro de uma ocasião em que o Senhor Carmelo enviado de Getúlio Vargas esteve em Santarém para implantar o IAPI (Instituto de Aposentadoria e Pensão Industriário) que iria funcionar no térreo do Teatro Vitória, procurou eu pai, mestre Armand, que era marceneiro, para fazer as mesas, com material trazido pelo próprio Senhor Carmelo (Formiplac) e durante a fabricação, ficava eu prestando atenção nas conversas, onde se falava da importância de pagar o IAPI, por que todas as cidades onde houvesse uma agência do IAPI seria o primeiro marco para futura capital. Neste mesmo ano, Getúlio Vargas morreu e a agência não funcionou, mas o sonho continuou. Eu nasci em 19 de fevereiro de 1945, na travessa Augusto Montenegro n° 184 Bairro Aldeia em Santarém (Fim da 2° Guerra Mundial). Sou batizado como Armando Ferreira e Silva, sou o sétimo de oito irmãos. Com a morte de meu pai em 1957, meus irmãos mais velhos não quiseram mais trabalhar manualmente na marcenaria, já que Santarém não tinha energia elétrica, nem perspectiva de continuar os estudos, mudamos para Belém em 1959 e posteriormente para São Paulo, onde aprendemos a trabalhar com máquinas de marcenaria existentes na época e eu sempre sonhando em voltar para Santarém e ensinar a profissão aos mais jovens da minha cidade, coisa que faço até hoje.
Em minha passagem por São Paulo, Belém, Recife e Santarém pude constatar que os nossos jovens são mais inteligentes e que lhes falta é oportunidade.
Ao sair de Santarém em 1959, foi submetido ao exame de admissão no Colégio Nazaré, o qual passei em 1° lugar ganhando bolsa para estudar 4 anos ginasial e 3 científico (hoje ensino fundamental e médio). Em 1981, em Belém, passei a fazer parte de uma Associação Mundial e ao vir em Santarém e 83, percebi que havia apenas dois grupos com 8 anos e que era totalmente dependente de Belém e a principal ferramenta para trabalhar nesses grupos era a literatura que era preciso buscar em São Paulo e que vinham via Belém e chegavam aqui todos invertidos. O manual de Serviço dava toda informação de como fundar um escritório local e sair da dependência de Belém. Em primeiro lugar, teríamos que ter oito grupos ao invés de dois, em segundo, teríamos que alugar uma sala para ser a sede do escritório e em terceiro criar um estatuto que deveria sair no Diário Oficial e eleger uma Diretoria. Apesar de muitos boicotes por parte de Belém, em divulgar a informações, conseguimos apoio de um Delegado Estadual que veio presidir a eleição a qual eu fui eleito como 1° Presidente em 1984. Com isso, conseguimos investir em literaturas e em 86, já tínhamos 52 exemplares de literatura e conseguimos lucrar até 30% de cada venda e com esse lucro, mais as contribuições de voluntários dos membros pagávamos nosso aluguel. O que quero mostrar é que podemos sair da dependência sim e no caso da criação do Estado a partir do Plebiscito.

Hoje a região conhecia como Baixo Amazonas ou Oeste do Pará conta com mais de 25 grupos independentes de Belém e com os mesmos direitos a nível mundial, fazendo seus próprios encontros, seminários e etc...
Aos nossos jovens peço coragem para votar SIM ao Estado do Tapajós e aproveitarem as oportunidades que tanto nos foram negadas. Se você já tem 16 anos, tire seu título de eleitor e acredite que você não precisa fazer fugas geográficas, como nós tínhamos a ilusão de sair daqui em busca de melhores condições e crescimento profissional e que hoje, a trajetória é inversa.
Para meus iguais idosos, muitos direitos foram alcançados, mas um dos direitos é o deslocamento de um estado para outro, já que ainda nossas maiores necessidades são supridas na capital do estado e isso dificulta o acesso a muitos benefícios. Vamos pensar nisso e votar SIM. Meu voto somado ao da minha esposa, filhos e nora aqui em Santarém, somado aos de irmãos, cunhadas, sobrinhos em Belém formam dezenas de votos a favor do Tapajós.
Esta é a minha parte. Espero que você faça a sua. Pense será que criar o Estado do Tapajós será mais caro que sediar uma Copa do Mundo?

_______________________________

1 Marceneiro, Presidente do Projeto CARA. Morador da Trav. Taxi, n° 185, Bairro da Floresta, telefone 35243053/35242926/91365096


Nenhum comentário:

.

Total de visualizações

Traduzido Por: Template Para Blogspot - Designed By Seo Blogger Templates