Você conhece paneiro, tucupi, tipiti,
taperebá, bacaba? Estas palavras representam apenas alguns dos muitos saberes e
sabores que fazem parte do rico repertório cultural das comunidades
tradicionais da Amazônia. Antes conhecidos apenas na vida cotidiana entre o rio
e a floresta, agora também podem estar acessíveis num vídeo feito com
smartphone ou no link de um blog com nome curioso como Nuquini ou Solimões. É o
que vai ser mostrado e discutido no XI Encontro da Teia Cabocla, evento que
acontece nos dias 03, 04 e 05 de setembro de 2012 em Vila Franca (Rio
Tapajós/Santarém-PA), reunindo cerca de 150 jovens e lideranças de mais de 50
comunidades dos Rios Tapajós, Amazonas e Arapiuns, no Oeste do Pará.
Com o apoio da Fundação Telefônica Vivo desde
2010, a ONG Saúde & Alegria vem realizando nessas comunidades o Projeto
Conexão Amazônica. Através da ampliação do acesso às tecnologias de informação,
está contribuindo para promover o desenvolvimento comunitário que, entre outros
benefícios, cria novas oportunidades educativas e de expressão cultural. O
evento contará com a presença da presidente da Fundação Telefônica, Françoise
Trapenard, do gerente de Desenvolvimento Local, Kleber Araújo, e do coordenador
da área, Fernando Elias.
Este encontro que está na sua décima primeira
edição, também é um momento em que representantes de Comissões Locais de
Educação Popular, Agentes Multiplicadores dos Direitos das Crianças e
Adolescentes, Monitores de Telecentros para Inclusão Digital e Repórteres da
Rede Mocoronga de comunicação popular se encontram. No primeiro o momento, vão
avaliar as ações que estão desenvolvendo de forma integrada num grande Arranjo
Educativo Intercomunitário para a promoção da cidadania, da saúde comunitária,
dos direitos das crianças e adolescentes e da cultura das comunidades
ribeirinhas.
Território, cultura e identidade em
pauta
O território é o espaço marcado pelas
características geográficas, pelas relações humanas e pela cultura construída
no lugar onde se vive. O reconhecimento do território e a ampliação da visão da
realidade é um dos passos fundamentais para o exercício da cidadania. “Com
todas essas mudanças, compreender melhor onde estão, porque estão, como se
identificam e o que os une é importante para uma interação mais harmônica e
construtiva. Temos trabalhado muito a educação ambiental e dinâmicas de
mapeamento participativo a partir da percepção das próprias comunidades. Com
isso, estamos gerando, por exemplo, uma série de publicações na forma de cartilhas
chamadas Prazer em Conhecer, onde todas as informaçoes e os conhecimentos
sistematizados retornam pra elas, que podem usá-las como ferramenta para a
gestão comunitária, nas escolas como materiais didáticos adaptados, e inclusive
trocar com outras localidades", explica Caetano Scannavino, coordenador
geral do PSA.
Ao mesmo tempo, a cultura sempre esteve em
evidência nas estratégias do projeto, e agora terá uma abordagem destacada para
valorizar as experiências da Rede Mocoronga, em que rádios, jornais, blogs
comunitários e núcleos de produção audiovisual com uso de celulares já produzem
conteúdos culturais.
Os jovens das comunidades estão vivenciando
um processo de transição cultural importante, em que ainda mantém laços que os
ligam com sua cultura tradicional, mas ao mesmo tempo estão movidos a interagir
com o mundo moderno, que começa a chegar mais aceleradamente nas comunidades.
“Acreditamos que é possível desenvolver um processo de mediação sociocultural
que empodere os jovens com o uso da tecnologia para sejam eles próprios os
documentadores e difusores da cultura local, formando uma nova geração antenada
no mundo, desenvolvendo seus potenciais ao mesmo tempo em que valorizam sua
identidade cultural”, afirma Fábio Pena, da coordenação de educação do PSA.
Para mobilizar cada vez mais os jovens e
lideranças comunitárias, “o encontro vai contar com debates sobre o contexto da
cultura e a identidade amazônica, resgatando elementos importantes da
historicidade local, dos saberes e fazeres das comunidades, das manifestações
artísticas, enfim, do ser população tradicional da Amazônia. E também o
potencial de visibilidade dessas culturas na sociedade em rede que vivemos
hoje, e que cada vez mais as comunidades estão tendo oportunidade de
participar, não apenas como receptoras, mas principalmente como produtoras de
conhecimentos”, explica Paulo Lima, coordenador de ações de cultura digital.
Também será feito um mapeamento participativo
de elementos históricos, artísticos e culturais das comunidades, para que cada
vez mais sejam pauta das produções da Rede Mocoronga, para aumentar sua
valorização, a autoestima do povo tapajônico, e também para que o Brasil e
mundo conheça mais sobre quem somos.
Oficinas vão integrar arte e cultura
digital
O encontro da Teia Cabocla reserva espaço
ainda para que os participantes possam participar de oficinas em que diversas
linguagens artistas, como música, circo, dança e artes plásticas, serão
experimentadas para expressar os elementos culturais mapeados no evento, juntamente
com as linguagens da cultura digital, como rádio, vídeo, blog e redes sociais.
Ao final do encontro, tudo será apresentado numa grande noite cultural no Circo
Mocorongo.
“Os jovens vão mostrar com quantas talas se
faz um tipiti, ou melhor, vão mostrar que quando a cultura popular se encontra
com a cultura digital, a Amazônia pode ser melhor difundida”, comenta Fábio
Pena. O tipiti é um utensilio artesanal usado no processo de produção da
farinha de mandioca.
MocorOscar - tapete vermelho para as
produções de vídeo da Rede Mocoronga
Durante a Teia Cabocla, acontecerá também a
premiação para os vídeos produzidos pelas comunidades durante o primeiro
semestre de 2012, especialmente aquelas que participaram das oficinas de
produção audiovisual com o uso de smartphones. Na noite de terça-feira, dia 04,
os vídeos serão exibidos e o tapete vermelho será estendido para valorizar os
talentos ribeirinhos. Os produtores, cinegrafistas, editores e atores
protagonistas são as pessoas das próprias comunidades. É a Amazônia do caboclo,
pelo caboclo da Amazônia.
Acompanhe a cobertura do evento em:
www.redemoronga.org.br
Ou pelas redes sociais: @redemocoronga
http://www.facebook.com/projetosaudeealegria
Contatos:
Fábio Pena – (93) 91529662 e-mail:
fabinho@saudeealegria.org.br
Paulo Lima – (93) 9149 4801 e-mail:
plima@saudeealegria.org.br
Texto de Fábio Pena
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